wrap it up!

Não estou obviamente a falar dos wraps de uma famosa cadeia de fast food, dado o meu estado dietético, mas em minha defesa devo dizer que estou completamente empenhada...sim, cheguei mesmo a recusar um wrap que o meu marido, qual grilo falante, me trouxe para me tentar. Mas eu resisti e não comi...mas podia...aquilo até é com frango grelhado e salada...podia...bolas!

A época que vivemos puxa ao tema natalício e hoje durante a minha trip de Ilvicos e aspirinas C e da privação de oxigênio dado o congestionamento nasal, pus-me a recordar os natais da minha infância e a comparar os natais dos meus filhos, houve melhoramentos sem dúvida!

No meu tempo era suposto pormos um sapatinho na chaminé pois era lá que o Pai Natal poria a minha prenda. Falo no singular porque apesar de, graças a Deus, os meus pais poderem dar-nos o que precisávamos, sempre fizeram questão de nos dar uma única prenda...mas teria de ser aquela mesmo, a que mais queríamos no mundo...era a loucura..até 1000escudos estávamos à vontade...ihihi! !!

Agora as prendas depositam-se debaixo da árvore! Regra geral nem embrulho tem, vem dentro de sacos bonitos das lojas e mesmo antes de as abrir já sabemos o seu conteúdo. Um saco da ourivesaria Machado não há-de ter uma camisola!  Um saco da Sacoor não terá um livro...etc.

Eu aceito isto, até porque nunca percebi como era suposto que as prendas coubessem no sapatinho, teriam de ser muito mixurucas para caberem no meu sapatinho nr 22!!!!

O que mais sinto saudades dos natais da minha infância é dos cheiros..daquela overdose de canela, das cores,  lá em casa caíamos no exagero do vermelho e dourado mas que eu adorava,  das conversas à volta da mesa, dos filmes de natal, do meu cão (lecas ) a chafurdar nos presentes e a ter um chelique na altura da abertura das prendas (ele considerava o papel de embrulho um alvo a abater).

E depois há a prenda da avó.É de mim ou as avós no natal assumem o papel de traficantes? !? A minha apanhava-me num canto,  disfarçava e sempre a ver se mais alguém nos estava a ver,  discretamente passava-me um rolinho para a mão enquanto dizia muito rápido e baixinho,  pelo canto da boca: "pega, pega, pega...não digas a ninguém!" Quem nos visse julgaría que me estava a passar droga e não uma nota!
A minha avó é do tempo dos tostões por isso nunca se actualizou, nunca percebi aquele aparato todo por uma nota de 500escudos, pois no final ainda me brindava com : " é para ti e para a tua irmã"!!!!!!! (fica aqui um beijinho para a minha avó...uma mulher que apesar das dificuldades e de ser analfabeta, conseguiu na meia idade ir para a escola e aprender a ler.)

Nesta época lembro-me sempre de alguém improvável...do nosso Shiro.  Não há presente que eu embrulhe que não me faça recordar aquela véspera de Natal em que tive, literalmente,  de lhe arrancar o rolo do papel de embrulho da boca e pedacinhos de papel entre os dentes, de o obrigar a cuspir o último laço dourado e de lutar com ele pela fita lilás. Agora os nossos familiares já sabem porque naquele ano os embrulhos estavam tão mal tratados! !!! Dava tudo para passar por toda essa aventura de novo, sinto muita falta dele e do "seu" Boris (   deste nunca consegui arrancar nada).

Por último se o Pai Natal quiser por a minha prenda no sapatinho, que me arranje o sapatinho primeiro e aqui ficam as minhas sugestões :) (  Melissa e Crocs)